segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Equação do dia



(Boa Vontade+Sinceridade)².(Esperança) = (Enrolação+Egoísmo).(Filhadaputice)³

(Disposição legítima . incondicional)
= (Confusão + Imaturidade - Sorte)


Eu me iludo = Eu me fodo


X = Otário¹²³


sábado, 22 de agosto de 2009

Diário de um Ordinário

E ele partiu. Com a mala repleta de sonhos e os bolsos cheios de boas intenções, ele partiu. Partiu o coração de sua família, partiu o sorriso do rosto dos amigos e se partiu em vários pedaços com vontades distintas. Ele quis partir, quis ficar, quis não querer, quis se partir ao meio e acabou partindo dali.

À medida que se adaptava ao novo papel e ensaiava as falas de seu mais novo personagem, punha em cheque tudo o que houvera vivido até então. Questionava seus valores, seus temores e até mesmo seus amores. Sentia a pele pinicar, o estômago embrulhar e sua voz embargar sempre que o telefone tocava. Então ele se debatia, sofria e cinicamente aplaudia sua doentia encenação!

Começara tudo: trabalho, estudos, distância, vazio, dor... E logo recomeçava: impotência, ausência, medo, dúvida, culpa... E assim lhe iam escapando os dias sem que ele pudesse evitar.

Estava prestes a apertar o play novamente e retomar o seu monólogo ensurdecido quando decidiu, por fim, pôr um fim àquela agonia e trocar o disco em questão. Por horas buscou em sua estante algum que lhe pudesse dar qualquer norte. Como não teve sorte e por não ser um cara propriamente forte, logo preferiu a morte! Aquelas narrativas que locupletavam suas prateleiras já não lhe diziam mais nada. Então, por alguns segundos parou e buscou nas histórias de terceiros e nas aventuras que viviam em seus quartos e nos quintos dos inferninhos algo de que se pudesse valer. E preferiu não ter pensado nisso!

Precisava de um roteiro seu, de uma peça que contasse a sua verdade! Então, num impactante ato de lirismo, arremessou longe livros, discos e filmes. E recolhendo-se num canto atrás da porta, começou baixinho e entre lágrimas a cantar uma música que jamais antes ouvira. Num dramático e musical crescendo, sentia sua voz se encorpar e ganhar uma corajosa entonação. Saiu então às ruas e manteve no timbre sua sincera melodia. Retribuía com sorrisos o deboche e o pasmo alheios. E, sozinho, seguia com seu cântico inopinado...

(Sábado, Fevereiro 03, 2007)