Um mendigo fazendo malabarismos com um martelo no meu caminho para o trabalho bem em cima da minha cabeça (e de quem mais passasse por ali)! Sim, coisa à toa para começar o dia, não? Um morador de rua bêbado ou drogado (ou ambos) arremessando a pelo menos quatro metros do chão um martelo ou qualquer outra coisa parecida e de igual nocividade. Assim começamos a quarta-feira! Bonjour, monsieur!
Ontem tentei fazer arroz pela primeira vez na vida! Resultado: um delicioso risoto! Na verdade saiu uma “papa” estranha, mas peculiarmente saborosa (eu soube temperar, ok?). É, necessito mais treino.
Não sei, mas acho tão estranho que mesmo sendo um cara moderadamente dotado de inteligência e relativamente a par do que acontece no mundo eu ainda sofra tanto com o meu cotidiano e me sinta tão inapto a lidar com a própria vida. Não estou aqui para bancar o modesto (e muito menos o fortão), portanto acho bastante irônico o fato de ser alguém “cabeça” ou talvez “antenado” e isso não me facilitar em nada a vida, nadinha!
É claro que conhecer um pouco mais das coisas nos poupa de muitos problemas. Por exemplo, imagino que por ter hábitos saudáveis como boa alimentação e cuidadosa higiene, sei que dificilmente eu desenvolveria infecções alimentares, giardíase, contaminações por DSTs, tétano ou outros males comumente associados à má higiene, pouca instrução e comportamentos de risco. Sei que por conhecer um pouco da maldade do homem eu não saio por aí com pertences caros e em horários e locais inapropriados (até porque não tenho pertences caros).
Mas e os outros problemas? Como hei de enfrentá-los? Por muito tempo pensei que racionalizar ao extremo certas situações pudesse me favorecer
Já tentei destrinchar todas as emoções, dissecar cada pensamento de modo que eu pudesse, no meio desse processo todo, encontrar qualquer elemento que me provasse cabalmente que eu não precisava me preocupar com aquilo! E daí um monte de felipinhos cínicos e debochados começaram a rir na imensidão do meu desespero.
Outra tentativa frustrada foi praticar a sinceridade extremada a todo custo e doa a quem doer. E mal começou o meu dia e uma colega de trabalho que fazia tempo que não me via chegou sorridente: “E como está o Felipíssimo?”, “Felipéssimo!” – respondi imediatamente. Daí instalou-se um clima desagradável, eu não quis falar sobre os meus problemas (acho que apenas mulheres respondem que não estão bem querendo de fato engatar uma discussão a partir dali) e o dia seguiu tenso.
E vai terminar assim sem uma conclusão bonitinha, de modo abrupto? Vai!